quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Granada


Imagem: wikiHow, conforme legenda.

Sobre o Novo Banco, como a maioria dos portugueses, tenho uma opinião, se calhar pouco fundamentada. Mas tenho. Ela é generalista, difusa e resulta da falta de conhecimento que todos temos (incluindo, acho eu, as sumidades que têm o poder de decisão) sobre aquilo que pode vir a acontecer — e até sobre aquilo que aconteceu. O assunto é vasto, complexo e escondido por múltiplas cortinas de silêncio e de interesses nem sempre claros. Não podia ser de outra maneira.
Portanto, o que eu penso sobre o Novo Banco é mais um desejo do que uma opinião.
Concretamente, sobre a possível venda do Novo Banco.
Sobre a opção entre a venda e a nacionalização do Novo Banco.
Eu dou por adquirido que as garantias dadas pelo PM de que os contribuintes não vão ser afectados por aquilo que venha a acontecer ao Novo Banco não são garantia nenhuma. Se há coisas que não se podem garantir, esta é uma delas. Eu preferia que me dissessem que tudo vai ser feito — que o possível vai ser feito — para minorar o impacto que o destino do Novo Banco vai ter sobre os bolsos dos contribuintes. Mas não acredito nem um bocadinho que o destino do Novo Banco não vai ter nenhum efeito no bolso dos contribuintes. Mais: acho que os contribuintes vão pagar tudo aquilo que houver para pagar, embora não haja garantias de que vão beneficiar, se algum benefício houver para repartir. Não sabemos todos que o que se reparte sempre são os prejuízos e, se possível, se guardam os benefícios? Não foi sempre assim?
Sobre a opção entre vender ou nacionalizar, eu penso o seguinte: se vou ter de pagar por uma coisa, prefiro ficar com ela do que pagar para ficar sem ela. Em princípio — sublinho que em princípio. Nem sempre é preferível ficar com as coisas. Se a coisa em questão for uma granada sem cavilha, é preferível que ela esteja no bolso de outro e — mais do que preferível — que esse outro esteja bem longe de mim.
O meu problema é não saber se o Novo Banco é uma granada e, muito menos, se está "descavilhada". Alguém sabe? Ou será, em vez de uma granada, uma bomba de cheiro? É que cheira mal desde o início, desde antes do início... 
Em qualquer dos casos, não era melhor levar aquilo para uma praia deserta e proceder à detonação controlada?