quarta-feira, 30 de abril de 2014

Cinismos na moda


Preparando o futuro:

« Quanto mais gastarmos agora em saúde, mais teremos de gastar depois em saúde e pensões. »


Perguntas (aparentemente) complicadas


Perguntas (aparentemente) complicadas.

Devo permitir que alguém me trate como se eu fosse aquilo que essa pessoa quer que eu pareça?

A resposta é, em princípio: Nunca. (Há que admitir a possibilidade de se tratar de um jogo).


Glaciares



Um glaciar não aumenta o nível do mar só por largar aí mais gelo.
Só fará isso, se ele próprio estiver a diminuir de tamanho.
Pode acontecer que largue mais gelo a jusante por estar a acumular mais gelo a montante, na entrada, o que faz aumentar a sua velocidade e pressão. Se assim não for, o glaciar acabará por extinguir-se.
Convém não esquecer que a água que constitui os glaciares provém do oceano, já que a contribuição das restantes massas de água é menor, se a considerarmos proporcional às respectivas dimensões.
A redução do tamanho ou a extinção do glaciar é que são sintomas de aumento local (e possivelmente global) da temperatura.



Leitura emocional


A leitura de um texto numa língua estranha — desde que razoavelmente dominada — pode ser mais proveitosa do que feita na língua materna. Pelas mesmas razões (e dependendo da natureza do texto e do conteúdo).

http://www.independent.co.uk/news/science/to-push-or-not-to-push-how-your-morals-depend-on-language-9303510.html


terça-feira, 29 de abril de 2014

De que lado estás?



Perguntas traiçoeiras.

De que lado estás?

Quando se pergunta a alguém "de que lado estás?", na verdade não se lhe está a perguntar nada. Está-se simplesmente a insinuar que a pessoa está a favor de um dos lados da (real ou suposta) questão ou divergência, subentendendo que devia estar a favor do oposto.

No extremo, é uma forma insidiosa de chamar traidor a alguém.

Quem permite que lhe façam essa pergunta arrisca-se a perder pontos na discussão.

Por outro lado, permite ao interrogado aperceber-se de que o seu interlocutor é quase de certeza uma pessoa do tipo "quem não está comigo está contra mim".





sexta-feira, 18 de abril de 2014

Certezas



Right now, 500 light years away from Earth, there's a planet that looks a lot like our own.

http://www.theatlantic.com/technology/archive/2014/04/this-is-big-scientists-just-found-earths-closest-cousin/360843/

Esta frase contém pelo menos um erro que pode não se tornar imediatamente óbvio.

Dizer que, neste preciso instante, existe algo que está a 500 anos-luz, é uma afirmação que não pode ser confirmada.

Se a informação, que viaja até nós à velocidade da luz, demora, por isso mesmo, 500 anos a chegar cá, como é que podemos ter a certeza de que o planeta ainda lá está neste momento? Pode ter colidido ontem (ou há 450 anos) com outro corpo celeste, saindo da sua trajectória, ou até ter sido mesmo destruído. No entanto, essa informação só chega até nós passados 500 anos, ou seja daqui a mais ou menos 500 anos (ou 50 anos, conforme o caso).



sábado, 12 de abril de 2014

Bitolas




Isto é mais ou menos assim: se nós adoptamos a bitola europeia, eles ficam com a ibérica; se adoptamos a ibérica, eles mudam para a europeia... o que interessa é que os nossos portos não tenham acesso à Europa, certo?




quinta-feira, 10 de abril de 2014

A queda do Corpo de Deus



No dia 19 de Junho de 1924 coincidiu o feriado do Corpo de Deus (presentemente suspenso). Nesse dia, nas proximidades de Olivença, caiu um meteorito de razoáveis dimensões, na altura fracturado por populares, todos com a intenção de guardar algum pedaço como recordação, ou até de o transaccionar, como já sucedeu em casos semelhantes.


Recordo ter ouvido de minha mãe uma espécie de lenda que descubro agora estar relacionada com o acontecimento.

Nesse dia de 1924, algumas pessoas andariam a ceifar no Alentejo e tinham assistido à queda do meteorito, o que não teria nada de estranho, apesar de ter ocorrido durante o dia, às 8/9 horas da manhã. Um objecto daquelas dimensões (foram recolhidos 125 kg de fragmentos) deve ter produzido um estrondo importante e um clarão capaz de ofuscar a luz do sol.

Como era feriado religioso, o fenómeno assustador foi de imediato interpretado por aqueles trabalhadores como uma ameaça divina que lhes era dirigida por estarem a trabalhar em tal dia. Houve até algum mais imaginoso que depois afirmou ter visto o meteorito, ao qual posteriores relatos fantasiosos atribuíam a forma de um corpo humano sem cabeça e sem membros, o que só confirmava a natureza sobrenatural da ocorrência...


(*) Nesta ligação, é feita  referência a uma "chuva" de meteoritos na zona de Olivença, um dos quais caiu em Castelo de Vide. Não é referida uma data precisa, mas apenas finais do ano de 1924 — o que não coincide com o mês de Junho —, mas essa imprecisão não exclui (à falta de melhor informação) que se possa tratar da mesma ocorrência.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Invasoras



O senhor (já falecido há vários anos) que plantou as "ervas-das-pampas" (cortaderia selloana) junto ao ribeiro, plantou também uns choupos dentro da própria linha de água (entretanto já felizmente mandados abater pelo herdeiro e novo proprietário).




Uma foto mais antiga. Cortaderia selloana, ou erva-das-pampas. O exemplar do meio teve de ser completamente eliminado, uma vez que entretanto caiu para o ribeiro, obstruindo-o. A massa de folhas secas (e mesmo das verdes da parte inferior) está constantemente a obstruir a passagem da água. O risco de propagação de incêndio é elevadíssimo. Detrás, existe uma área enorme, coberta de silvas, abrangendo algumas oliveiras e que se estende até junto das casas da povoação.

Ficou o problema dos choupos quase resolvido. Digo quase porque ainda restam os cepos e as raízes a afectar o leito do ribeiro. No que respeita à erva-das-pampas (também ela classificada como espécie invasora), nada foi feito, salvo que, quando há limpezas, são tratadas de forma agressiva. É o mínimo que se pode fazer, já que o proprietário do terreno não procede à limpeza da sua margem, à qual está obrigado. Felizmente, não têm alastrado de forma espontânea e, como a propriedade se encontra em estado de quase abandono, não é feita nenhuma replantação. No entanto, os novos brotos vão crescendo sobre a matéria morta da própria planta, aumentando constantemente o seu volume.


Além destas plantas, foi ainda introduzida na mesma época uma outra, bastante mais perigosa e difícil de eliminar do que as duas referidas. Trata-se da robínia pseudoacácia (robinia pseudoacacia), também ela classificada como invasora.

Sendo uma "falsa acácia" tem, no que toca à sua reprodução e alastramento, o mesmo comportamento das "acácias mimosas" que todos vemos à beira das nossas estradas e não só: rebenta pelas raízes, o que que dizer que, ao longo das raízes expostas ou existentes a pequena profundidade, vão aparecendo sucessivamente inúmeros novos exemplares.


Os ramos mais altos que sobressaem das silvas são os novos exemplares, de maiores dimensões, que cresceram a partir das raízes das árvores cortadas. Em primeiro plano, à esquerda e junto à rede, um rebento um pouco menor. Embora todas tenham abundantes espinhos, as robínias e as silvas parecem dar-se bem, pelo menos nesta fase.

No terreno a que me refiro, é isso que está a acontecer. As robínias foram cortadas na mesma altura dos choupos. Mas, enquanto estes ficaram definitivamente eliminados (o material restante está a apodrecer), as robínias continuaram a alastrar, agora com muito mais força, a partir das raízes. Em vez de um reduzido número de árvores grandes com alguns pequenos rebentos em baixo, vemos agora um número enorme de novos exemplares, muitos deles a tornarem-se em árvores (recorde-se que podem atingir 25m de altura).


Nesta foto, podem ver-se alguns dos cepos das robínias cortadas. Os cepos em si estão a apodrecer, mas as raízes deram origem a um elevado número de novos exemplares. Alguns rebentos foram cortados durante a limpeza do caminho, mas só esses, porque impediam ou dificultavam a passagem. Os restantes continuam a crescer até se tornarem árvores, se nada for feito entretanto.

Crescem para o caminho onde passamos para as hortas. É fácil, ao desviar algum ramo ou rebento que esteja atravessado, sermos picados pelos afiados e robustos espinhos que possuem. A picada é bastante dolorosa e provoca inflamação que persiste ao longo de vários dias.


Esta foto de um pequeno ramo que eu trouxe não faz justiça aos picos (espinhos) existentes nos ramos mais grossos, que são capazes de pôr uma ferida a sangrar bastante. Na imagem seguinte, obtida numa pesquisa, é possível vê-los.