quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Pesquisa sobre Álvaro Gonçalves Camelo

1) fonte: http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/3416.pdf


Neste texto, existe um grande número de referências a Álvaro Gonçalves Camelo, acompanhadas por informação que permite identificá-lo.

(Para localizar as sucessivas ocorrências sem ter de as procurar no texto, guardar o ficheiro como PDF e, depois de aberto em Adobe Reader, usar a ferramenta "Localizar, seguinte". O texto pesquisado aparece em realce.)




  

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Cartões de "sócio"

Há bastante tempo que circula na net uma imagem apresentada como sendo a foto do cartão da PIDE do seu director Silva Pais.

Visível AQUI

Ou AQUI

Recentemente, começou a circular pelo Facebook uma imagem apresentada como sendo o cartão de colaborador dessa polícia, pertencente a Cavaco Silva.


Visível AQUI, (com cerca de 1500 partilhas)

Uma pessoa amiga partilhou a foto, o que me levou a enviar-lhe uma mensagem,  que transcrevo parcialmente:

«...

Hum... esta imagem do cartão do Cavaco não aparece em qualquer pesquisa do Google (encontra-se, sim, um cartão do Silva Pais). Tem mais jeito de se tratar de uma manipulação. A zona do número, em falta (canto superior direito) tem aspecto de ter sido apagada, o selo branco não passa por cima da foto, os selos brancos (ambos) parecem estar exactamente na mesma posição que têm no outro cartão. Aposto que o cartão do Silva Pais foi (não tão habilmente assim) trabalhado para fazer este. Apagaram algumas manchas, mas não todas, como aquela que está na barra vermelha por baixo do canto inf.esq.da foto... Ainda partilhei, mas, em vista das observações, achei melhor apagar. Pelo sim pelo não...
...»

Para mim, não restam grandes dúvidas de que se trata de uma manipulação, como tantas outras que todos os dias aparecem. A vulgarização destas manipulações conduz a uma descredibilização da comunicação virtual, instalando a confusão e o consequente desinteresse, do qual não hão-de deixar de tirar partido os passarões do costume.


As duas imagens juntas, para comparação:





domingo, 24 de novembro de 2013

Os "cabeças duras"



Obs.: Liberais no sentido em que se usa na América, por oposição a conservadores, ou seja de esquerda.

(Dois pequenos apontamentos.)

Os que se consideram conservadores não precisam de começar a ficar abespinhados com o título do artigo.
A inteligência não é uma qualidade em si mesma. Nós é que tendemos (forque fomos treinados para isso) a dar uma valoração a tudo e até a reduzir qualquer análise a uma questão de sinais de "+" e de "-".
Além disso, associamos inteligência a maiores capacidades, mas deixando de lado algumas bem importantes.


Os menos inteligentes podem ser muito mais resilientes. 
Não deve haver ninguém que não tenha reparado que há muitas pessoas bem sucedidas na vida, económica e socialmente, que não pareciam ter uma inteligência por aí além, ou que na escola eram até dos mais atrasados da classe, uns "cabeças duras". Mas tinham uma grande qualidade: eram teimosos. Depois de descobrirem um abrigo seguro, dali já ninguém os arrancava. E foi essa capacidade de ir ficando bem agarrados em abrigos seguros, a não arriscar mais do que aquilo onde chegava o braço, que os levou a um maior ou menor grau de sucesso. Um sucesso demorado, mas seguro. A sociedade, as empresas, as instituições apreciam o conservadorismo. Receiam a inteligência, porque desestabiliza. O conservadorismo singra, paulatinamente, porque garante a continuidade.



sexta-feira, 22 de novembro de 2013

S.N.S. (e S.O.S.)


Procurei informação sobre as opções dos utentes do Serviço Nacional de Saúde quanto à escolha para os locais de internamento e tratamento, atendendo fundamentalmente a razões  geográficas (distância, dificuldade ou impossibilidade de suportar os custos com transportes para consultas e, adicionalmente, para visitas de familiares aos utentes internados), tendo como referência o concelho de Gavião, cujos residentes, até muito recentemente, eram encaminhados pelo serviço local de saúde para o Hospital de Abrantes e passaram a ser enviados sistematicamente para o Hospital de Portalegre, sediado na capital de distrito a que pertence o referido concelho de Gavião (a cidade de Abrantes situa-se no distrito vizinho de Santarém).

A distância entre o Centro de Saúde de Gavião e o Hospital de Abrantes, via A-23, é de 30,6km. Para o Hospital de Portalegre, são 56km, quase o dobro da distância.
Para Abrantes, existem transportes regulares de autocarro (e também de comboio: Belver, linha da Beira-Baixa). Em contrapartida não existem para Portalegre (é algo caricato não existirem transportes colectivos regulares entre uma sede de concelho e a sua capital de distrito...). A não existência de transportes colectivos obriga ao recurso ao táxi, com custos acrescidos que a maioria da população não tem condições para suportar.
Usando, em qualquer dos casos, transportes de aluguer, as diferenças de custo também são consideráveis, em razão das diferentes distâncias. Apesar de a maioria da população, especialmente idosa, não possuir carro próprio, mesmo aqueles que o possuem vêem os custos das deslocações substancialmente aumentados.

Os indicadores socioeconómicos para este concelho são esclarecedores das dificuldades que essa alteração acarretou para a população.



Fonte: J.Negócios 


Os indicadores demográficos ajudam a explicar:


Fonte: I.N.E.


A alteração efectuada parece ter como fundamento uma suposta, duvidosa e discutível melhoria de eficiência administrativa, que não teve em conta as pessoas por ela afectadas, reduzindo-as à condição de meros números numa estatística, sem atender às suas necessidades concretas e específicas e agravando as suas já precárias condições de vida.

E, se quisermos ver a coisa de outro ângulo — mesmo sem percebermos nada de Economia —, facilmente chegamos à conclusão de que, globalmente, esta mudança obriga a maiores gastos, já que o Estado pouco ou nada poupa e as pessoas ficam obrigadas a maiores gastos, sem que isso lhes traga (antes pelo contrário) uma melhor qualidade de vida.

Os responsáveis autárquicos já por mais de uma vez tomaram posição e fizeram-na chegar a quem tem — ou deveria ter — o poder e a vontade para corrigir o que está mal feito, mas, como de costume, os gabinetes ministeriais devem estar atafulhados de assuntos mais urgentes para resolver. Assuntos como este vão para a tal gaveta dos assuntos que... o tempo há-de resolver.

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P.S.(1):

Procurando informação sobre as opções do utente do Serviço Nacional de Saúde quanto à escolha  dos locais de internamento e tratamento, encontrei estas páginas de que reproduzo excertos.


Data de publicação: 30.01.2008
Será que a página não sofreu actualização desde essa data?
Nesse caso, deve presumir-se que, por estar online, a informação nela contida é válida?
Ao seguir o link para Carta dos Direitos e Deveres do Utente, acede-se a uma página da Direcção-Geral de Saúde onde se informa que o conteúdo procurado não está disponível.


"Viva, a informação que está a tentar aceder está indisponível."

O "cuidado" posto na redacção da mensagem é o espelho da consideração que o utente — a quem se dirige — merece?

O documento está indisponível porquê?
Desde quando está e até quando se prevê que esteja indisponível?
Onde é possível procurar fontes alternativas para a mesma informação?

Consultando o Mapa do Site, não se encontra nenhuma indicação óbvia para a existência dessa informação. O que é óbvio é que ela não está disponível...


P.S.(2):

Isto de viver na periferia das periferias tem que se lhe diga...


sábado, 9 de novembro de 2013

Papel de alumínio



A propriedades do chamado "papel de alumínio" podem ser aproveitadas para finalidades nem sempre evidentes. A película tem uma face polida, mais brilhante, e outra mais baça. A face polida é evidentemente mais reflectora do que a oposta.

Aproveitamento térmico.

Num bico de gás pouco potente é preciso cozinhar algo num recipiente de dimensões relativamente grandes. Ainda por cima é ao ar livre (o fogão é de "camping"), os comensais são bastantes e estão esfomeados. Têm ingredientes para uma jardineira para todos, mas o problema é mesmo a pequenez do fogão. Aquilo nunca mais vai ficar cozido… Então um deles tem uma ideia: no saco das compras do supermercado onde passaram há um rolo de papel de alumínio. Porque não aproveitá-lo para evitar perdas de calor em volta do tacho. Afinal, a folha de alumínio não arde facilmente… Colocam então o papel em volta do tacho, fixando-o na borda e nas "asas" do mesmo. E não é que resulta!...
O papel de alumínio forma uma espécie de campânula em volta do recipiente que concenta ali a corrente ascendente de ar aquecido pela chama. Adicionalmente — e embora não se veja — a parte espelhada da folha de alumínio reflecte os raios infravermelhos (calor, portanto), devolvendo ao recipiente a maior parte do calor irradiado.




segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Mnemónicas bálticas



Acho que nunca ninguém, até hoje, conseguiu fazer-me  corresponder os nomes em português de duas das repúblicas bálticas com os seus nomes originais.

Mas há um truque: "Lietuva" tem um "u", tal como Lituânia (LT).

Já "Latvija" não tem "u", tal como Letónia (LV) também não tem.

Fácil, não?

Com as siglas e chapas de matrícula (código ISO) também não tinha uma maneira fácil de memorizar. LV e LT: ambas têm qualquer desses dois grupos de letras no nome original (e no nome em Português não é fácil estabelecer a ligação)…

Mas acabei de descobrir uma: associar o "T" com o "^" de "Lituânia" e o "V" com o " ' " (acento agudo) de "Letónia".

(Já agora: "CH" é a matrícula de onde? Pois... essa era mais fácil...)



sábado, 21 de setembro de 2013

Fechadura tradicional de madeira

 O preço elevado ou a indisponibilidade nunca foram obstáculo que impedisse as pessoas dos meios rurais de proteger os seus haveres, colocando fechaduras nas portas. Os desenhos representam uma fechadura de madeira, imprópria para ser usada nas habitações, por não ser possível accioná-la pelo lado de dentro. Era usada em arrecadações, palheiros, currais, etc.




O bloco principal era era feito com uma única peça de madeira, que era escavada de forma a nela poderem colocar-se e funcionar os restantes elementos:
— uma língua, constituída por uma ripa com cavidades que, quando fechada, entrava nalgum elemento apropriado feito de madeira ou mesmo num orifício escavado na própria alvenaria;
— vários "pinos" ou linguetas que, quando deixados em repouso, desciam para as cavidades existentes na língua, imobilizando-a;
— uma chave constituída por uma ripa com ressaltos que permitiam fazer subir as linguetas no interior do bloco, libertando a língua e permitindo o seu movimento;






Na ausência de fotos minhas, consegui encontrar esta, que representa o artefacto com um aspecto semelhante ao que recordo:
(http://www.casadosal.pt/2011/07/ecomuseu-do-sal-da-figueira-da-foz.html)


Na foto vê-se o lado oculto da fechadura, permitindo perceber o seu funcionamento.


segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Quase

Quase 10?!

"Quase" não se aplica à aproximação de números pequenos. Não se diz "quase dez", mas pode dizer-se "quase cem". Porque é isto assim? Porque a percepção dos números é tanto mais abstracta quanto maior o seu valor absoluto. Não faz sentido atribuir uma inexactidão ou aproximação a um valor que percebemos de forma bastante concreta.


sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Viagens virtuais (limitadas)

Nunca houve, nem há, nem nunca poderá haver, um viajante que seja capaz de, no decurso da sua vida, por longa que ela seja e mesmo que se mova velozmente, conhecer o mundo inteiro em detalhe. Pode conhecer o mundo inteiro em resumo, mas há-de deixar quase tudo por ver.
A maioria dos seres humanos nem sequer terá a oportunidade de sair do lugar onde nasceu, ou do sítio onde a vida acabou por os deixar. Viajar é, infelizmente para os outros, um privilégio só de alguns. Mas o mundo não é perfeito, nem nunca o será, e é nele que temos de viver, conhecendo-o ou não.
Recentemente, a tecnologia aumentou em muito o número dos que podem ter acesso a sucedâneos virtuais das viagens. Não são um substituto das viagens reais, mas permitem a muita gente estar, de forma virtual, em sítios que, de outra forma, nunca teria oportunidade de conhecer.
Antigamente eram apenas os relatos, falados ou escritos, de grandes e pequenos viajantes. Os grandes espalhavam a sua fama pelo mundo e através do tempo, chegando a tornar-se figuras míticas, de que Marco Polo é possivelmente um dos  expoentes. Em todos os tempos, em todas as civilizações, os que ficaram sempre se juntaram, em maior ou menor número, em volta do viajante acabado de regressar. O desejo de conhecer o que está para lá do horizonte é, possivelmente, um dos instintos humanos mais básicos, logo a seguir às necessidades do organismo.
Mas hoje quase é possível viajar pelo mundo, ou por parte dele, tal a facilidade com que são divulgadas as imagens e os sons recolhidos e gravados em dispositivos electrónicos e difundidas, anteriormente pelos meios unidireccionais e agora de forma mais interactiva  através da Internet. Ferramentas da rede, como o Google Earth/Maps/StreetView (existem outros, mas não tão abrangentes) permitem quase estar nos locais por nós escolhidos. Mas obviamente têm limitações. Não é possível recolher em tempo útil imagens senão de um certo número de locais e itinerários. Por vezes, damo-nos conta de que até ficaram os mais interessantes por registar. E, se isto é verdade ao nível do pequeno recanto que conhecemos, também acontece a uma escala muito maior. Há países inteiros que, por esta ou aquela razão, ainda não foram fotografados. E isso acontece mesmo na Europa em zonas que, supostamente são do maior interesse para aqueles que gostariam de as conhecer, nem que fosse apenas desta forma. Estou a lembrar-me de países inteiros, como a Áustria, ou quase inteiros, como a Alemanha, cuja geografia seria interessante explorar, o que sabemos pelas imagens a que, apesar de tudo, temos acesso.

Curiosamente, ou talvez não, as razões para essa ausência de registo prendem-se com entraves legais ou burocráticos, como se essas sociedades pretendessem fechar-se sobre si mesmas, receosas de que a visualização das imagens por todo o mundo lhes violasse uma privacidade que muito prezam.


(Estava eu com vontade de passear-me à vontade por Salzburgo e tive de contentar-me com fotos dispersas que, apesar de tudo, são muitas. Mas não é a mesma coisa do que simular uma viagem por lá. Eis a razão — ou o pretexto — deste apontamento.)





Numa Europa quase toda "fotografada", nota-se a falta da Alemanha (só estão fotografadas algumas cidades), Áustria(totalidade), parte da Suiça, e quase todos os países dos Balcãs e a Grécia.


E mesmo quando temos imagens disponíveis de ruas alemãs, é frequente encontramos partes apagadas, porque é possível aos proprietários impedir legalmente a difusão pública de imagens dos seus edifícios que estão situados... numa rua pública!!!


quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Hasta dónde puede llegar un cocodrilo



Até onde pode chegar um crocodilo?



O crocodilo encontra-se numa parede interior na igreja de Viso del Marqués (Ciudad Real).

Blogue com imagens e referência à origem do crocodilo, trazido do Nilo pelo marquês, no regresso de uma expedição:

http://caminandoporlaprehistoria.blogspot.pt/2012/03/iglesia-ntra-sra-de-la-asuncion-el-viso.html

Vista, no Google Maps, da "Plaza Pradillo", largo da localidade onde, ao lado da igreja,  se encontra o Palácio do marquês de Santa Cruz (Álvaro de Bazán, marquês de  Santa Cruz, almirante invicto da armada espanhola, comandante da frota que tomou Lisboa em 1580).

  

A existência deste crocodilo dissecado dentro da igreja não é caso único, havendo mais exemplos do mesmo tipo de ex-voto em Espanha, pelo menos em Sevilla (na catedral) e numa igreja deMadrid.


Outros exemplos, apenas em Espanha (em actualização):

Iglesia del Corpus Christi (Valencia): artigo com fotos
Iglesia de Santa María de Mediavilla (Medina de Rioseco): artigo com foto
Colegiata de Berlanga de Duero: artigo com fotos

Mais referências neste artigo (pdf, em catalão). 




sábado, 17 de agosto de 2013

Sobrado

Vocabulário.

Sobrado e placa.

Designava-se (e ainda se designa) por sobrado o pavimento superior das casas, ou sótão, geralmente de madeira. No caso de ser construído com betão ou alvenaria, tomava o nome de placa, passando a haver certa relutância em designar como sobrado o pavimento assim construído.

Uma casa "com placa" era um sinal de certa abastança ou desafogo. Se o sobrado podia ser feito com tábuas serradas dos pinheiros pertencentes ao próprio dono da casa (quase não havia ninguém que não tivesse, mesmo pequena, alguma parcela de terreno com árvores), não implicando uma  custosa aquisição de materiais, já a construção de uma placa envolvia a compra de tijolos, abobadilhas, vigas ou ferro, cimento, consoante o tipo de laje. 

Existiam pequenas serrações nas proximidades, onde se levavam os toros de pinho (1). O transporte era feito em carroças puxadas por burros (as mulas, mais caras, estavam reservadas aos de mais posses). O corte e o acabamento da madeira eram feitos à medida. A madeira "galgada", como era o caso da destinada aos sobrados das casas, ficava mais cara, por envolver um maior uso de máquinas para além da serra: a garlopa para a espessura e acabamento e a tupia para os perfis de encaixe das tábuas ou ainda para os filetes decorativos. Os restos dos toros dos que já não se podiam fazer tábuas eram aproveitados geralmente para fazer vedações. Estes restos de toros, muitas vezes destinados a serem consumidos como combustível, são designados por costaneiras.

(Baseado em observação pessoal na freguesia de Belver, Gavião)


(1) Existiu uma serração em Belver, até meados do séc.XX. Ainda pode ser visto o local com restos das construções, mas já sem vestígios das máquinas, junto à ponte sobre a Ribeira de Belver, na estrada para as Torres. Existe também uma outra serração na localidade de Envendos, concelho de Mação, aparentemente ainda a funcionar. 


sexta-feira, 9 de agosto de 2013

La suerte que tuvo Rosa



Não conheço a quadra original, mas, pela tradução, devia ser mais ou menos assim:

La noche que la mataron
Rosa tuvo mucha suerte
De tres balas que le tiraron
Una sola le dio la muerte


terça-feira, 16 de julho de 2013

As ilhas esquecidas da discórdia


As Ilhas Selvagens




O Google não tem imagens tão nítidas como estas (do Bing Maps) do mais meridional pedaço de território luso (sem contar com o resto dos ilhéus do arquipélago, que estão ainda mais a sul).



As ilhas em si não valem grande coisa, mas experimentem ver o mapa numa escala menor e perceberão o que elas representam em termos de espaço marítimo português (ZEE).



Acrescenta um bom bocado de mar à nossa ZEE (Zona Económica Exclusiva).

É pena que, com tanto mar à nossa disposição, tenhamos deixado de saber nadar...

A visita presidencial é uma afirmação de soberania. Com efeito, quem se passeia por lá sem pedir ordens a ninguém é o presidente de Portugal e não o rei de Espanha.
Mas isso não quer dizer que a posse das ilhas (segundo Portugal) ou rochedos (segundo Espanha), bem como (e especialmente) do mar que as rodeia, seja coisa pacífica. Nada disso.
Apesar de Espanha já ter reconhecido a soberania portuguesa do pequeno arquipélago, as posições são totalmente opostas no que respeita à definição do mesmo. Essa definição é importante para a atribuição de uma ZEE própria. É que, se vingar a posição de Espanha, as ilhas vão ficar dentro da ZEE espanhola (Canárias), ficando o domínio marítimo português restrito às 12 milhas em redor de cada ilha ou ilhéu.

Não os abras, não...

E queria ver o que sucederia no caso de se tornar realidade uma hipótese considerada neste exercício para estudantes de Direito Internacional Público:
(Entretanto, em Fevereiro de 2009, um sonda portuguesa detectou a 
existência de hidrocarbonetos em abundância 10 milhas ao largo das ilhas Selvagens, numa zona situada 210 milhas ao largo da ilha portuguesa de Porto Santo e 220 milhas ao largo das ilhas Canárias espanholas. Na sequência desta descoberta, em Outubro de 2009, o Estado português atribuiu a concessão destas jazidas petrolíferas à empresa “Petróleos de Portugal”)
http://www.fd.unl.pt/docentes_docs/ma/FPC_MA_16071.pdf

Curiosamente, o assunto não aparece no World Factbbok da CIA, na página dedicada a Portugal, Transnational Issues, onde apenas se refere o diferendo sobre Olivença. Não deve com certeza ser considerado relevante.
https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/geos/po.html

E não se pense que ali ao lado não se fala do assunto. Quase não deve haver um espanhol que não jure a pés juntos que as ilhas são deles (há mesmo discussões que talvez seja melhor não ler, sob pena de se perder o sangue frio...):

Chave de pesquisa Google : disputa portugal españa "islas salvajes"

Palpita-me que, um dia que houvesse um litígio a sério sobre o assunto (litígio judicial, pois um enfrentamento militar… nem quero imaginar o resultado...), que tivesse de ser resolvido em instâncias internacionais, iria acabar como aquela história da questão entre dois campónios pela posse de uma vaca: cada um dizia que a vaca era sua, até que interveio o advogado e disse "Estão ambos enganados; a vaca é minha".

Já depois de Espanha ter reconhecido a soberania portuguesa sobre o arquipélago, ocorreram episódios com aeronaves espanholas que podem ser tomados como provocação. Tentativas de aterragem de helicópteros, sobrevoo por caças a baixa altitude, para não falar das habituais incursões pesqueiras de barcos espanhóis.

Talvez valha a pena ler:

Informação nesta reportagem do Público:
http://ecosfera.publico.pt/biodiversidade/Details/selvagem-grande-a-ilha-das-cagarras_1448269

El País também tem a sua:
http://elpais.com/diario/2008/07/20/domingo/1216525956_850215.html

Não faltam reflexões em diversos tons sobre o tema:
http://aventar.eu/2012/10/02/zee-submarinos-e-fragatas/

Há fóruns de discussão com posições de ambos os lados:
http://forumdefesa.com/forum/viewtopic.php?t=2705

Uma visão bastante técnica:
http://www.iesm.mdn.gov.pt/s/Cisdi/boletim/Artigos/art_7.pdf

E até por lá existe um tesouro escondido. Será aquela a verdadeira Ilha do Tesouro?
http://elzo-meridianos.blogspot.pt/2009/06/las-islas-salvajes-espanolas-o.html

Uma apresentação elucidativa e simples sobre a disputa da ZEE:
http://www.youtube.com/watch?v=UgB85e33V38

...de onde destaco este corte de um fotograma que mostra o verdadeiro motivo da disputa: a extensão e potencial importância económica e estratégica de um considerável pedaço de oceano:



sábado, 13 de julho de 2013

Desencontros arqueológicos

A imagem e o texto que se seguem foram publicados já há alguns anos num blogue entretanto desactivado.







   Alguém andou a escavar dentro de uma sepultura pré-histórica, uma espécie de anta, existente a alguns quilómetros do local onde vivo. Mas esse "Indiana Jones" era bastante distraído. A tal ponto que deixou lá, perfeitamente visível, esta placa de xisto, aqui reproduzida em tamanho natural (num monitor de 15" e 1280x800px).

   Aconteceu-me passar por lá casualmente, informado da existência do local por familiares que trabalhavam por perto. Encontrei a placa e recolhi-a. 

   Tentei contactar um dos proprietários do terreno, pessoa ligada ao jornalismo e ao mundo das artes e da cultura, com a intenção de lhe entregar a placa, por o considerar pessoa idónea para a receber, ou para que me ajudasse a encaminhá-la para o sítio certo. A minha mensagem nunca teve resposta, talvez por não ter chegado ao destinatário, cujo endereço pessoal eu desconhecia, sendo por isso enviada para uma publicação a que ele estava ligado.

   Já passaram alguns anos, e o referido senhor faleceu entretanto.

   Ainda dei conhecimento, embora informalmente, a responsáveis autárquicos, que na altura não tinham resposta para dar-me, e o assunto foi ficando esquecido.

   Ontem, casualmente, encontrei imagens de placas parecidas, em páginas dedicadas a temas arqueológicos.

   Aprofundei o assunto e  cheguei ao contacto com o arqueólogo responsável por essas páginas, que se interessou e vai, por sua vez, contactar uma arqueóloga norte-americana que tem o estudo mais completo que existe sobre este tipo de placas encontradas em muitos locais da Península Ibérica, e que será, possivelmente, quem melhor saberá indicar o caminho a dar à placa em meu poder.

   Pessoalmente, sou da opinião de que este tipo de objectos, mesmo podendo estar fisicamente na posse de particulares, devem ser disponibilizados para estudo. Igualmente devem ser contactados os organismos oficiais com autoridade na matéria, caso existam.

   Para já, aguardo o desenvolvimento.



Acrescento, agora, que também contactei por email a delegação do IGESPAR responsável por esta zona, não tendo obtido qualquer resposta.

Imagens do sítio, enviadas ao IGESPAR (no texto, dava conta do achado e da situação posterior, com danos causados por plantação florestal):









Ligações da DGPC com informação sobre o sítio:

http://arqueologia.igespar.pt/index.php?sid=trabalhos.resultados&subsid=158930&vp=158662

http://arqueologia.igespar.pt/index.php?sid=sitios.resultados&subsid=158923&vt=158930


  

segunda-feira, 1 de julho de 2013

A descoberta da Austrália


Demos ainda mais "novos mundos ao mundo"...



(artigo fotografado):



Primeiro, o segredo era do interesse dos Portugueses, tentando evitar que outros ocupassem a terra que acabavam de descobrir. Mais tarde, uma vez ocupada, os novos "locatários" não tinham interesse em que se soubesse que não tinham sido eles os primeiros a chegar.