sábado, 14 de fevereiro de 2015

Lá se foi a famosa Casa Redonda

O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros de Pinto Balsemão, o Prof. André Gonçalves Pereira, a quem se atribui a declaração de que aquilo que ganhava como ministro não lhe chegava sequer para os charutos, mandou construir na Quinta do Lago uma casa que ficou também ela famosa, não só pelas festas que ele aí dava e pelo alto estatuto dos que para elas eram convidados, mas também pela sua arquitectura peculiar.
A casa, da autoria do arquitecto Fernando Ramalho, era redonda, não tinha paredes planas e parece que até os próprios quadros, que lá existiam em abundância, estavam em cavaletes por esse motivo. Não era fácil pendurá-los.

Entretanto, o senhor vendeu a casa — diz-se que a um estrangeiro — e este resolveu demoli-la e construir outra no seu lugar.

Na primeira imagem, decerto desactualizada, recolhida no Google Maps, ainda é possível ver a casa.




Já na imagem de rua (StreetView, referenciada como tendo sido recolhida em Dezembro de 2009) vê-se o local em obras, com a nova casa já praticamente edificada.



A imagem aérea do Bing Maps mostra o local já com a nova casa e arranjos exteriores diferentes.



Não há nada de estranho em derrubar para fazer de novo. Quem tem muito dinheiro pode dar-se a esse luxo. Se há lugares onde podem tomar-se com bastante à vontade quaisquer liberdades arquitectónicas é neste tipo de urbanizações, onde as construções não estão sujeitas a grandes limitações de estilo. Possivelmente pelo mesmo tipo de razões, também com a mesma facilidade o que foi feito se desfaz. A Casa Redonda, que alguns achariam talvez interessante conservar, sucumbiu à vontade do seu novo dono que, além do direito de opinião, por enquanto atribuído a todos, tinha sobre ela outros direitos que os simples opinadores não possuem.

Mas é pena (a demolição, claro, porque o resto é subjectivo).



terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Ilhas paradisíacas




O problema da evasão fiscal é que há sempre um paraíso para onde escapar. E é ainda agravado pelo facto de a capacidade de escapar estar directamente ligada ao volume dos impostos sonegados. Pobre não pode fugir; paga. Rico foge sempre.
Resultado: receitas cada vez menores (pobre não tem o que pagar nem com que pagar), o que é ainda agravado pela capacidade que os ricos têm de arranjar, através do suborno dos políticos, esquemas para que as receitas (mesmo magras) dos estados acabem por ir, de uma forma ou de outra, parar aos seus bolsos.