sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Sobressaltos

 Foto: http://www.dinheirovivo.pt/wp-content/uploads/2015/10/ng3307770.jpg

Stressante, sem dúvida.
Stressante ao ponto de ser marcante, de se tornar um momento a recordar pela vida fora, pelas boas ou pelas más razões.
Embora o tempo físico que rege as nossas vidas seja um fluir contínuo e uniforme, não é assim o tempo biológico. Damos saltos, temos sobressaltos. Temos etapas, balizas, momentos marcantes. Precisamos desses momentos para sentir que evoluimos, que a viagem continua.
O exame "da quarta classe" (era assim que se chamava no meu tempo) é um desses momentos.
Talvez nesse tempo ele fosse mais necessário do que agora, naquilo que ele constituía uma transição para novas fases. Na maioria do casos —e em especial nos meios rurais — era até mais do que uma transição: era mesmo o fim de uma era. A escola acabava ali. A seguir, uns tempos para desmamar das brincadeiras e — ala que se faz tarde! — era altura de procurar trabalho. Podia-se encontrar um lugar de marçano ou, com sorte, talvez de aprendiz de algum ofício. Ir para o liceu implicava viver perto dele ou ter meios para pagar o alojamento.  Até podia haver algum colégio por perto, mas implicava uma mensalidade que poucos podiam pagar. E, como a maioria não ia para o ensino secundário, nem parecia mal alguém não ir. Era assim e pronto. O Estado não garantia nem exigia, como agora, mais do que a quarta-classe.
Entretanto, as coisas mudaram — e muito. Se foi para melhor ou para pior, é questão que nem vale a pena pôr-se, muito embora a nossa natureza sintetizadora, avaliadora e classificadora insista em se opor ao relativismo crescente. Tendemos sempre a avaliar as coisas segundo as nossas próprias escalas e critérios. Apesar disso, não me atrevo a dizer se é bom ou mau o fim dos exames do 4º ano. Não tenho opinião sobre o assunto (ou, se a tenho, não a acho relevante, pelo menos quando posta nesses termos).

O que eu acho é que os miúdos talvez ganhassem em ter alguns desafios eventualmente stressantes (cuidando-se de evitar excessos traumatizantes), como forma de se irem preparando para umas vidas que — gostem ou não os defensores da aplicação imediata e estrita das utopias em que com todo o direito acreditam — vão estar cheias de dificuldades que vai ser preciso vencer. E nada como ir preparado para elas.


 

sábado, 21 de novembro de 2015

num habia nexexidade


Os edifícios mais altos da Gronelândia, na capital, Nuuk.
Têm 12 pisos, mas, mesmo assim, seria preciso?