sábado, 6 de janeiro de 2018

O trabalho sujo



O poder político, quando se envergonha de certo trabalho sujo (supostamente inevitável), encarrega disso o sector privado (supostamente isento de escrúpulos).
(Veja-se, por exemplo: CTT, mero episódio do esvaziamento do interior do País.)
Mas não só.
Veja-se também, já agora, a industrialização existente nesse mesmo interior do País e aquilo que ela lhe está a fazer. Sim, estou a pensar em fábricas poluentes.)
Sim, e também estou a pensar porque é que diabo certos autarcas, cujos territórios são, como se vê, vítimas da poluição, estão tão caladinhos. Será por solidariedade com os seus colegas de partido, autarcas no sítio de onde a poluição vem e, tudo o indica, coniventes — certamente por questões de boa vizinhança — com quem a provoca? A solidariedade partidária está acima de TUDO?
Cá para mim, que sou um comprovado e ferrenho defensor das teorias da conspiração — está mais que visto! —, anda alguém a querer correr com as pessoas daqui, para ficar mais barata e fácil a tarefa de encher isto tudo de eucalipto, o ouro verde que cresce e não é quimera, como o outro. Bem fizeram os meus patrícios que emigraram para o litoral e, apesar das expectativas de outros tempos, já de lá não voltam.
Ainda voltando aos CTT: eles fecham as estações e, depois, o poder político colabora com eles quando tenta remediar a situação, passando os postos de atendimento para a alçada das autarquias. Aos privados, pouco ou muito, só resta facturar.