domingo, 24 de novembro de 2013

Os "cabeças duras"



Obs.: Liberais no sentido em que se usa na América, por oposição a conservadores, ou seja de esquerda.

(Dois pequenos apontamentos.)

Os que se consideram conservadores não precisam de começar a ficar abespinhados com o título do artigo.
A inteligência não é uma qualidade em si mesma. Nós é que tendemos (forque fomos treinados para isso) a dar uma valoração a tudo e até a reduzir qualquer análise a uma questão de sinais de "+" e de "-".
Além disso, associamos inteligência a maiores capacidades, mas deixando de lado algumas bem importantes.


Os menos inteligentes podem ser muito mais resilientes. 
Não deve haver ninguém que não tenha reparado que há muitas pessoas bem sucedidas na vida, económica e socialmente, que não pareciam ter uma inteligência por aí além, ou que na escola eram até dos mais atrasados da classe, uns "cabeças duras". Mas tinham uma grande qualidade: eram teimosos. Depois de descobrirem um abrigo seguro, dali já ninguém os arrancava. E foi essa capacidade de ir ficando bem agarrados em abrigos seguros, a não arriscar mais do que aquilo onde chegava o braço, que os levou a um maior ou menor grau de sucesso. Um sucesso demorado, mas seguro. A sociedade, as empresas, as instituições apreciam o conservadorismo. Receiam a inteligência, porque desestabiliza. O conservadorismo singra, paulatinamente, porque garante a continuidade.



sexta-feira, 22 de novembro de 2013

S.N.S. (e S.O.S.)


Procurei informação sobre as opções dos utentes do Serviço Nacional de Saúde quanto à escolha para os locais de internamento e tratamento, atendendo fundamentalmente a razões  geográficas (distância, dificuldade ou impossibilidade de suportar os custos com transportes para consultas e, adicionalmente, para visitas de familiares aos utentes internados), tendo como referência o concelho de Gavião, cujos residentes, até muito recentemente, eram encaminhados pelo serviço local de saúde para o Hospital de Abrantes e passaram a ser enviados sistematicamente para o Hospital de Portalegre, sediado na capital de distrito a que pertence o referido concelho de Gavião (a cidade de Abrantes situa-se no distrito vizinho de Santarém).

A distância entre o Centro de Saúde de Gavião e o Hospital de Abrantes, via A-23, é de 30,6km. Para o Hospital de Portalegre, são 56km, quase o dobro da distância.
Para Abrantes, existem transportes regulares de autocarro (e também de comboio: Belver, linha da Beira-Baixa). Em contrapartida não existem para Portalegre (é algo caricato não existirem transportes colectivos regulares entre uma sede de concelho e a sua capital de distrito...). A não existência de transportes colectivos obriga ao recurso ao táxi, com custos acrescidos que a maioria da população não tem condições para suportar.
Usando, em qualquer dos casos, transportes de aluguer, as diferenças de custo também são consideráveis, em razão das diferentes distâncias. Apesar de a maioria da população, especialmente idosa, não possuir carro próprio, mesmo aqueles que o possuem vêem os custos das deslocações substancialmente aumentados.

Os indicadores socioeconómicos para este concelho são esclarecedores das dificuldades que essa alteração acarretou para a população.



Fonte: J.Negócios 


Os indicadores demográficos ajudam a explicar:


Fonte: I.N.E.


A alteração efectuada parece ter como fundamento uma suposta, duvidosa e discutível melhoria de eficiência administrativa, que não teve em conta as pessoas por ela afectadas, reduzindo-as à condição de meros números numa estatística, sem atender às suas necessidades concretas e específicas e agravando as suas já precárias condições de vida.

E, se quisermos ver a coisa de outro ângulo — mesmo sem percebermos nada de Economia —, facilmente chegamos à conclusão de que, globalmente, esta mudança obriga a maiores gastos, já que o Estado pouco ou nada poupa e as pessoas ficam obrigadas a maiores gastos, sem que isso lhes traga (antes pelo contrário) uma melhor qualidade de vida.

Os responsáveis autárquicos já por mais de uma vez tomaram posição e fizeram-na chegar a quem tem — ou deveria ter — o poder e a vontade para corrigir o que está mal feito, mas, como de costume, os gabinetes ministeriais devem estar atafulhados de assuntos mais urgentes para resolver. Assuntos como este vão para a tal gaveta dos assuntos que... o tempo há-de resolver.

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P.S.(1):

Procurando informação sobre as opções do utente do Serviço Nacional de Saúde quanto à escolha  dos locais de internamento e tratamento, encontrei estas páginas de que reproduzo excertos.


Data de publicação: 30.01.2008
Será que a página não sofreu actualização desde essa data?
Nesse caso, deve presumir-se que, por estar online, a informação nela contida é válida?
Ao seguir o link para Carta dos Direitos e Deveres do Utente, acede-se a uma página da Direcção-Geral de Saúde onde se informa que o conteúdo procurado não está disponível.


"Viva, a informação que está a tentar aceder está indisponível."

O "cuidado" posto na redacção da mensagem é o espelho da consideração que o utente — a quem se dirige — merece?

O documento está indisponível porquê?
Desde quando está e até quando se prevê que esteja indisponível?
Onde é possível procurar fontes alternativas para a mesma informação?

Consultando o Mapa do Site, não se encontra nenhuma indicação óbvia para a existência dessa informação. O que é óbvio é que ela não está disponível...


P.S.(2):

Isto de viver na periferia das periferias tem que se lhe diga...


sábado, 9 de novembro de 2013

Papel de alumínio



A propriedades do chamado "papel de alumínio" podem ser aproveitadas para finalidades nem sempre evidentes. A película tem uma face polida, mais brilhante, e outra mais baça. A face polida é evidentemente mais reflectora do que a oposta.

Aproveitamento térmico.

Num bico de gás pouco potente é preciso cozinhar algo num recipiente de dimensões relativamente grandes. Ainda por cima é ao ar livre (o fogão é de "camping"), os comensais são bastantes e estão esfomeados. Têm ingredientes para uma jardineira para todos, mas o problema é mesmo a pequenez do fogão. Aquilo nunca mais vai ficar cozido… Então um deles tem uma ideia: no saco das compras do supermercado onde passaram há um rolo de papel de alumínio. Porque não aproveitá-lo para evitar perdas de calor em volta do tacho. Afinal, a folha de alumínio não arde facilmente… Colocam então o papel em volta do tacho, fixando-o na borda e nas "asas" do mesmo. E não é que resulta!...
O papel de alumínio forma uma espécie de campânula em volta do recipiente que concenta ali a corrente ascendente de ar aquecido pela chama. Adicionalmente — e embora não se veja — a parte espelhada da folha de alumínio reflecte os raios infravermelhos (calor, portanto), devolvendo ao recipiente a maior parte do calor irradiado.




segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Mnemónicas bálticas



Acho que nunca ninguém, até hoje, conseguiu fazer-me  corresponder os nomes em português de duas das repúblicas bálticas com os seus nomes originais.

Mas há um truque: "Lietuva" tem um "u", tal como Lituânia (LT).

Já "Latvija" não tem "u", tal como Letónia (LV) também não tem.

Fácil, não?

Com as siglas e chapas de matrícula (código ISO) também não tinha uma maneira fácil de memorizar. LV e LT: ambas têm qualquer desses dois grupos de letras no nome original (e no nome em Português não é fácil estabelecer a ligação)…

Mas acabei de descobrir uma: associar o "T" com o "^" de "Lituânia" e o "V" com o " ' " (acento agudo) de "Letónia".

(Já agora: "CH" é a matrícula de onde? Pois... essa era mais fácil...)