domingo, 23 de fevereiro de 2014

LATINORIVM BLOGATORIS

Blogatores

O blogator erraticus.

Este espécimen, tal como a sua própria designação indica, caracteriza-se por uma grande inconstância temática (para camuflar essa pecha, classifica-se a si próprio como generalista, palavra fina e muito abrangente). Como não sabe se tem alguma coisa para dizer, o blogator erraticus começa logo por anunciar que vai falar de tudo e mais alguma coisa, o que geralmente cumpre. Neste sentido, se fosse uma árvore, seria uma macieira, ou mesmo uma azinheira, carregada de abóboras, pepinos e nozes, tudo à mistura. Sendo cão, um vulgar rafeiro. Também lhe assenta a imagem do ornitorrinco. Não se sabe se é carne ou peixe. Não tem imagem de marca. Não tem pedigree.
Aparenta por vezes grandes incongruências, podendo, por exemplo, ser um trabalhador pouco especializado exprimindo-se como um doutor.
Como não tem conhecimentos sólidos sobre a maioria das matérias (possuindo, no entanto, uma grande bagagem, que se pode designar como cultura geral), lança palpites baseados na intuição e no bom-senso. Curiosamente, acaba quase sempre por acertar bastante bem. Mas as suas produções, apesar de por vezes muito imaginativas, denunciam a ausência de uma estrutura organizada, a falta de preparação com que são elaboradas. A sua espontaneidade nem sempre resulta inteligível.

O blogator erraticus é, irremediavelmente, um naïf.

Podia fazer ainda referência a outros tipos omitidos, tais como o sempre agressivamente zangado blogator colericus incorrigibilis tremendus, o blogator provocatorius incognitus (que por vezes pelejam entre si, embora sem consequências de maior); o blogator amabilis christianus, que distribui cumprimentos a esmo, enviando bonitas imagens e edificantes conselhos; o blogator sapientis, o blogator cinephilus, o blogator jurisprudentialis, o blogator romanescus serialis, o blogus multiplicator, et cætera, et cætera...
Há também um sub-grupo peculiar e muito abundante, representado pelos tipos blogator vulva palpitans, bem como o blogator priapus ansiosus, os quais se buscam afanosamente entre si.
Já o tipo blogator susannah in bagnum é mais difícil de encontrar, dada a sua tendência para se esconder atrás das árvores, geralmente observando anonimamente os anteriores.

É possível ainda encontrar tipos estranhos como o blogus vacuiis infestantis, o blogator insanus voluntariis vandalicus, o blogus psitacorum glosætoretcætra, etcætra.


Post scriptum:

Peço desculpa pelo latinorium. Quem andou no seminário não fui eu, mas um primo meu. Que, aliás, esteve lá pouco tempo. Ficou desmotivado pela angustiante perspectiva do celibato per omnia secula seculorum. É de família, já se sabe.





sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Deslizamento de terras e a casa vai encosta abaixo

Por estes dias, uma casa quase nova na zona de Leiria está a ponto de ruir, porque o terreno onde foi construída, numa encosta, deslizou vários metros devido a ter-se tornado instável por infiltração da água das chuvas. A própria estrada situada mais abaixo foi afectada.

http://www.regiaodeleiria.pt/blog/2014/02/14/casa-em-cortes-em-perigo-iminente-de-ruir/
(mais fotos no link; clicar nas miniaturas para ampliar)



Vê-se pelas fotos que não havia qualquer tipo de estrutura de contenção do terreno (o muro junto à estrada, que se vê nas fotos, construído com blocos ocos de argamassa, não é eficaz, funcionando praticamente apenas como vedação).


As fotos encontradas nas notícias foram todas obtidas a partir da estrada, não permitindo ver os terrenos contíguos à casa, para se tentar perceber se a infiltração excessiva de águas se deve a algum represamento causado pelo próprio edifício e muros anexos e à falta de canais de escoamento da pluviosidade.

A imagem acima (Google StreetView), permite perceber que o terreno tem declive suficiente para não haver represamento nas parcelas ao lado.

Mas já não assim no que se refere à própria parcela onde a casa foi construída, na parte mais elevada (à esquerda na imagem de satélite, a seguir):


Se a essa zona afluírem águas provenientes dos terrenos vizinhos, o represamento causado pela casa e pelos muros pode ser suficiente para causar um alagamento excessivo, que estará na origem do deslizamento. A infiltração poderá ainda ter sido ampliada pelas terras remexidas a jusante da casa, que podem não ter sido compactadas nem acondicionadas de forma a facilitar o escoamento das águas.

Para a casa se deslocar em conjunto com o terreno, das duas, uma: ou o deslizamento é superficial e as fundações também o são necessariamente, ou o deslizamento é profundo e a casa é arrastada mesmo que as fundações tenham maior profundidade.

Muros de contenção

A existência de muros de contenção junto à casa e abaixo dela poderia ter evitado o deslizamento, no caso de terem lastro suficiente. Muros de gravidade feitos com gaiolas de arame cheias de pedras (gabião), poderiam ter sido uma excelente solução, até por permitirem uma boa drenagem.


http://www.gabion1.com.au/gabion_pic_info6.htm




segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Estarrouçar

Há palavras que nunca se escrevem, ou quase. Não vêm no dicionário.

"Estarrouçar"

Algumas pessoas poderão conhecer, ter ouvido alguma vez ou até utilizado.
Mas o que significa realmente?
Fácil: qual o som de um cão a roer ossos ou, melhor,  a roer aquelas pontas tenras da cartilagem do entrecosto? 
Está a "estarrouçar".
  


sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

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b) Salários razoáveis em fábricas de veículos de gama média.

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