sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Arquitectura antipática








Imagem: Google Maps/StreetView

A casa encontra-se à beira da via rápida em Malibu, Califórnia. Não é nada raro por ali as construções estarem quase dentro do mar (basta ver o mapa:  https://www.google.pt/maps/@34.0256347,-118.7641005,460m/data=!3m1!1e3 ). A Lei protege o uso público das praias, mas já quanto ao acesso as coisas às vezes já não são tão claras (ver: http://www.nbcnews.com/news/investigations/beach-closed-keep-out-billionaire-tries-block-surfers-n191441 ).

A casa está construída sobre um pequeno afloramento rochoso que interrompe o areal, o que não é visível nesta imagem. O que se destaca na construção é o modo como a casa está toda ela virada para o mar (a costa, em Malibu, está virada a sul), com varandas e amplas áreas envidraçadas. A fachada norte, do lado da estrada, é um muro liso e opaco de betão, hostil.

Quem faz uma casa tem todo o direito de a fazer à sua maneira e ao seu gosto, dentro dos condicionamentos legais. Mas não se pode negar o aspecto antipático que esta construção apresenta aos utentes da estrada, aos quais vira ostensivamente as costas.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Os caixotes estão por todo o lado


Eles têm várias formas, mais ou menos complicadas, mas têm todos uma coisa em comum: estão ali a mais. São intrusivos.


Às vezes, até tentam enquadrar-se, harmonizando as suas proporções, mas continuam a dar nas vistas.

sábado, 16 de agosto de 2014

Carta para Santarém




Teatro Rosa Damasceno, em Santarém.
(Consultar o historial das últimas duas décadas).
(A propósito da recente derrocada da encosta).
 
Os tribunais acabaram por decidir inviabilizando outros usos para o edifício, que não o original, pretendidos pelo actual proprietário, embora legitimassem a propriedade.
Veio o incêndio, inviabilizar — ou, no mínimo, tornar ainda mais difícil — a sua recuperação para o uso original.
Em relação ao incêndio (não esquecer que também há fogos acidentais…), até se poderia formular a pergunta "quem lucra", mas aparentemente a resposta é "ninguém". Claro que também podia ser um caso de "depois de mim, o dilúvio", ou de "se eu não posso comer, ninguém mais come", ou então outra maldade qualquer feita de verdade ou aparência, que há gente para tudo.
E por falar em dilúvio, até vinha a calhar, melhor na própria madrugada do incêndio, caso em que ele não teria ocorrido, fosse por ser interrompido, fosse por nem sequer ter deflagrado, por não poder, ou por não valer a pena. E um dilúvio desproporcional (haverá dilúvios moderados?), por outro lado, poderia ter antecipado a derrocada da encosta que agora aconteceu nas traseiras do edifício, a qual, se continuar, acabará por deitá-lo ao chão. A Natureza e a incúria poderão vir, com o tempo,  a selar a decisão dos juízes e a consumar a tarefa do lume, decisão e tarefa que  — nem de outro modo poderia ser — não levaram a cabo em comum nem com idênticas intenções.
Ou seja: tudo o que ali for feito daqui em diante (excluindo meras obras de conservação do estado actual) vai ser ou bastante dispendioso ou ilegal. Ou seja ainda: nada será feito. Razão pela qual apenas acabará por se salvar apenas a fachada — em qualquer sentido do termo —  que dá para a rua, como é habitual nas fachadas e que fica no lado contrário ao da derrocada. 


As memórias preservam-se até que o esquecimento as apague — como poderia ter dito La Palice.


domingo, 10 de agosto de 2014

casco viejo

Imagem: Google Maps

Núcleo antigo, casco viejo ou casco velho da localidade de Bram, na região de Carcassonne (sul de França), com uma estrutura circular em nítido contraste com o traçado mais ortogonal da parte recente que o envolve.

Imagem: Skyscrapercity