quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Indirectas


Imagem: Wikimedia Commons


Cada um ouve aquilo que quer ouvir…

Mandar indirectas no Facebook (ou em qualquer sítio onde se possa ser lido ou ouvido) é sujeitar-se a ser mal-interpretado. É certo que as indirectas vão sempre destinadas a alguém. São avisos à navegação, mas têm destinatários particulares que, em princípio, só o autor/emissor sabe quem são. Mas é evidente que, como sucede com todas as bocas, pode alguém não previsto achar-se injustamente aludido. Os mais desabridos vão logo dizer que o chapéu só serve a quem o enfia, mas outros dirão que quem não se sente não é filho de boa gente e entre as duas interpretações há todo um mar de indefinições onde é fácil alguma coisa naufragar.

Mas isto é a visão extremista da coisa…

No limite, se não pudéssemos dizer algo que se arrisque a ser interpretado como indirecta, ficaria muito pouca coisa que se pudesse dizer ou, então, teríamos todos de usar sempre linguagem de relatório de contas ou de contrato jurídico, sempre com um índice remissivo no final… uma seca dos diabos.

Assim, em que ficamos?...

Pois… em águas de bacalhau, que é como quem diz… deixa ver… bacalhau… Terra NovaAtlântico Norte… ehpah, aí foi onde se afundou o Titanic… e foi a pique por causa de alguém que andou a dizer coisas que não devia… mandaram bocas e calhou-lhes um iceberg pela frente… bom, foi de raspão mas o resultado foi o mesmo…



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As restrições à liberdade de expressão serão só aquelas que o próprio quiser impor.
Entre os indivíduos responsáveis, a expressão é um acto como outro qualquer: tem responsabilidades.
A irresponsabilidade só vigora entre os inimputáveis.