domingo, 28 de fevereiro de 2016

A universidade YouTube


Canais didácticos do YouTube.

O YouTube é uma excelente ferramenta de aprendizagem para autodidactas. Há sempre uma boa dose de trabalho da escolha dos conteúdos que merecem ser aproveitados, mas até esse trabalho de selecção tem valor formativo — e não é pequeno.


Desde que me conheço, sempre tive uma grande curiosidade pelo trabalho em fábricas e oficinas. Sou capaz de ficar horas a ver a execução das tarefas, máquinas a funcionar, etc. Claro que isso nem sempre é prático ou possível (e há ainda aquele cartaz que diz "NÃO HÁ NADA MAIS PREJUDICIAL PARA QUEM TRABALHA DO QUE A PRESENÇA DOS QUE NADA TÊM PARA FAZER").


No YouTube, não vemos exactamente aquilo que queremos ver (aliás, no "terreno" também não). Vemos aquilo que as pessoas entenderam ali partilhar e que pode interessar ou não — a tal tarefa de selecção… No entanto, a quantidade e variedade são tais que, a pouco e pouco, é possível ir construindo uma lista de "favoritos", ou subscrições que nos vão fazer chegar avisos ou notificações sobre matéria nova adicionada por aqueles que previamente escolhemos.


Com o tempo, vamos deixando cair muitos autores. Podem ter ficado inactivos ou os seus contributos podem ter deixado de interessar.

Um aspecto interessante é a capacidade de comunicação dos contribuidores. Como é evidente, nem toda a gente tem a mesma capacidade de comunicação. Há muitas pessoas que possuem valiosos conhecimentos mas não são capazes de os transmitir através de um vídeo. Podem não ter habilidade para organizar e efectuar a captação e edição das imagens e sons da forma que pretendem. Podem não ter a capacidade de apresentar e realçar aquilo que interessa, ocultando ao mesmo tempo tudo aquilo que possa prejudicar a mensagem. Podem exibir comportamentos e atitudes que aparecem excessivamente autocentrados, de mau-gosto, exibicionistas, despropositados, etc.


Mas há pessoas que, sem se limitarem à seca e aborrecida exposição de uma série de imagens e explicações técnicas, conseguem transmitir uma presença simpática e capaz de prender, também por essa via, a atenção do público.


Um dos problemas de ter de seleccionar aquilo que se vai ver é o tempo — a falta dele. Muitos vídeos são excessivamente longos e poderiam ser reduzidos através de edição, sem prejudicar a apresentação. Pode-se ir avançando durante a visualização, mas é certo que alguma matéria se vai perder.

Dois exemplos de canais com conteúdos interessantes (neste caso a metalomecânica praticada à escala individual, quase sempre amadora, embora os praticantes possam também ter actividade profissional nessa área — e pelo menos um destes tem):

https://www.youtube.com/user/Abom79

https://www.youtube.com/user/ksruckerowwm

Em ambos os casos, os vídeos são bastante extensos e geralmente teriam a ganhar com uma edição que fizesse uma melhor gestão dos tempos "mortos".
E em ambos os casos, também, estamos em presença de dois excelentes comunicadores.

……………………...


(Estes textos escritos ao correr da p…do teclado (!) ficam uma bagunça… Há que fazer um esquema e depois desenvolvê-lo. Mas deu para perceber, certo?)


sábado, 27 de fevereiro de 2016

Soldar




Aprendendo coisas.

O Inglês é mais sintético e, ao mesmo tempo, mais exacto do que o Português, quando se trata de descrições técnicas.
Nós usamos o termo "soldadura" para referir diferentes realidades que se designam como "soldering", "brazing" e "welding". Nenhuma delas é o mesmo que qualquer das outras, apesar de traduzirmos tudo por "soldar".



http://www.weldguru.com/
(vale a pena visitar demoradamente, para aprender)


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Wikibabel


Os leitores de língua portuguesa do site Wikipedia debatem-se com um problema que não é de somenos e que deve ser comum a outras enciclopédias, com a agravante de esta, sendo de edição aberta, receber contributos de onde quer que seja.
O universo do Língua Portuguesa abrange uma miríade de núcleos, se nos abstrairmos da sua dimensão e potencial relevância — já que os luso-falantes estão praticamente por todo o mundo —   mas destacam-se, até agora e neste contexto,  Portugal e Brasil.
A Língua pode ser comum, embora não tanto como possa parecer, nem tão pouco que não sirva para nos entendermos, mas as realidades geográficas, políticas, económicas e de outro carácter podem ser tão distintas que aquilo que interessa a um brasileiro, em certos temas, pode ser matéria exótica para a generalidade dos portugueses — ainda que todos falem a "mesma" língua.
Uma enciclopédia, diferentemente dos dicionários generalistas, versa mais sobre especialidades — e é aí que as diferenças se acentuam e fazem com que uma mesma base de conhecimento possa não interessar à generalidade dos leitores, havendo que separá-los segundo as suas potenciais preferências.

Escolhi um único exemplo para justificar o que acabo de dizer. "Parcerias Público-Privadas", abreviadamente "PPP".

Existe um verbete (termo este curiosamente não aceite pelo corrector ortográfico do Google, que estou a utilizar...) em Língua Portuguesa, que já obteve contributos de colaboradores de ambos os países (Portugal e Brasil), sendo que apenas a definição genérica do conceito deve poder ser considerada comum, já que toda a realidade envolvente do mesmo é claramente distinta, ainda que possa haver coincidências (e aqui abstraindo-nos de quaisquer considerações de natureza política ou ideológica).

https://pt.wikipedia.org/wiki/Parceria_p%C3%BAblico-privada

 Não será difícil encontrar muitos — inúmeros, mesmo — exemplos da necessidade de diferenciar as bases de conhecimento, para que não tenha de se especificar, em cada particular conceito ou definição, se eles se aplicam a uma ou outra realidade.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Óleo fino





(Comentário existente no artigo)

««« ...
12 Fev, 2016 Alcains 01:13
Em Alcains, castelo Branco, foi autorizada à empresa Valamb lda autorização para instalar uma fábrica tipo Centroliva de VVRódão. A Câmara ofereceu a esta empresa um terreno que adquiriu para o efeito por 65mil euros. O Sr. Samuel Infante da Quercus recebeu da Câmara de castelo branco uma sede para a Quercus. A Quercus ofereceu um parecer à Câmara de não oposição à instalação da Valamb, valorização do bagaço de azeitona. A fábrica vai poluir via ribeira da Líria, afluente do rio Ocreza, por sua vez afluente do Tejo. Portanto, passem pelo meu blogue Terradoscães e saberão mais sobre a canalhice ambiental que o autarca de castelo branco, pretende implementar em Alcains, castelo branco.
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 O autor do comentário fornece, no blogue que refere, nomes, datas e lugares. Fica-se com a ideia de que esta indústria do bagaço não é coisa que se cheire (e não é apenas em sentido figurado), apesar de contar com circunstanciais aliados onde não seria de esperar, por vias das tais teias que a massa tece. Diz-se que quem tece teias são as aranhas, mas o polvo também tem muitas pernas... E a massa — como o azeite — desde tempos ancestrais tem feito a vez de óleo para untar. Umas vezes as máquinas, outras vezes as mãos.


sábado, 6 de fevereiro de 2016

Megafones





A Internet em geral e as redes sociais em particular, tal como antes (e agora um pouco menos) a blogosfera, vieram dar a cada um de nós a possibilidade de participar (muito menos do que às vezes julgamos) na circulação da informação, partilhando aquela já existente, eventualmente acrescentando alguma nova ou emitindo opinião.
Muitas pessoas acreditam ainda que, escrevendo num estilo panfletário, exortando expressamente os outros, amplificando ou exagerando o conteúdo ou a opinião apresentados, conseguem atrair maior audiência ou atenção. Não devem ter ouvido a história de "Pedro e o Lobo"…
Quando levamos muito a peito uma determinada causa, é quando ficamos mais expostos à tentação de fazer isso. Depois, os nossos amigos ou leitores, sensibilizados para o assunto, vão partilhando também…

Mas, se o conteúdo partilhado contiver falsidades ou inexactidões notórias (exageros incluídos), alguns leitores vão dar por isso e queixar-se publicamente. O assunto perde credibilidade (bem assim como quem o divulgou) e a causa sai por isso prejudicada.
Eu costumo dizer que não aprecio indirectas; e isto não é uma indirecta para ninguém: é uma reflexão "transversal" que pode apanhar a todos e a mim também.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Buenos Aires




Google StreetView: https://goo.gl/maps/CqRUvRsARj12

A imagem é rica em pormenores, mas também é de certo modo banal. Buenos Aires não é a única cidade a ter bairros de lata paredes meias com as zonas mais chiques, "sobrevoadas" por auto-estradas que não podiam desviar-se nem evitar-se porque, apesar de tudo, as pessoas precisam de se deslocar, e quanto mais depressa melhor.
Até há vias que ainda não foram construídas, mas foram previstas e assim o indicam os pilares que ainda não têm tabuleiro.
Também se pode reparar no pormenor, por cima do BMW, de a favela ter crescido para  a própria auto-estrada, através do separador. O "bairro" não está urbanizado, mas as pessoas que lá vivem precisam de água, tal como aquelas que vivem nas torres lá ao fundo. Não havendo rede de distribuição pública, improvisam, colocam reservatórios individuais como este no topo das habitações. O pilar está mesmo a jeito e até deve contribuir para dar resistência às construções que a ele estão encostadas. 




Esta outra imagem é ainda mais expressiva.

Além disso, os tabuleiros da rodovia servem de telhado secundário. Quanto ao ruído dos carros a passar junto à cabeceira, uma pessoa habitua-se a tudo...
A particularidade deste bairro porteño (que afinal não é assim tão particular) é a de ter aparecido por estes dias nas notícias a propósito de uma operação de embelezamento que lhe vão fazer.
A villa já existe há perto de um século e nem ditaduras sanguinárias nem democracias populistas conseguiram acabar com ela. Até já existe plano de urbanização, mas o busílis é pô-lo em prática, já que não é fácil realojar aquelas almas todas. Ou talvez não se tenham empenhado o suficiente nisso.
O certo é que o novo presidente, achou que fica muito mal os automobilistas que ali passam terem de reparar na miséria que está por baixo deles. Uma pessoa a tudo se habitua, mas não podem, ao menos uma vez por outra, deixar de reparar. Não fica bem. E se forem forasteiros, estrangeiros, turistas, então é que vão reparar de certeza e isso causa bastante dano à imagem da cidade. 

Ora como tirar da vista algo tão grande que não pode simplesmente desaparecer? Fazendo o mesmo que alguns fazem ao lixo: varrem-no para debaixo do tapete. Neste caso, acrescentando ao viaduto uns painéis, integrando-os, segundo as notícias, numa estrutura com ambições artísticas, mas que não passa de uma forma de esconder a favela dos olhos de quem passa.
Nada que não tenhamos visto fazer bem mais perto de nós.


http://www.infobae.com/2015/07/31/1745297-polemica-la-construccion-un-techo-verde-la-villa-31

http://www.infobae.com/2015/10/06/1760460-la-villa-31-como-nunca-se-vio