domingo, 15 de janeiro de 2017

Ele não precisava de bolsos





Pergunta um tipo a outro:
«Responde-me lá a esta: porque é que o Salazar usava fatos sem bolsos?»
«Como?! Sem bolsos?»
«Sim, as calças e os casacos que ele usava não tinham bolsos…»
«Não sei… diz lá tu por que era…»
«Ele não precisava de bolsos para meter as mãos, porque metia as mãos nos bolsos dos outros…»


A história contava-se, mas está mal contada. Ou, melhor, está incompleta.
Então porque é que ele iria precisar de meter as mãos nos bolsos, dele próprio ou dos outros? Para as aquecer?
Ela contava-se para dar a entender que o homem ia ao bolso aos portugueses.
Entretanto confirmou-se que ele, quando morreu, não estava na penúria, mas também não deixou nada de jeito aos herdeiros. Ou seja: ele não enriqueceu com o poder durante mais de 50 anos. Mas se ele metia a mão no nosso bolso…

Pois é. É que ele metia a mão no bolso de uns para retirar. Depois, ia colocar o que tinha retirado no bolso de outros. Como o Robin dos Bosques, mas ao contrário. E entretanto deixava lá a mão para a aquecer. Era a forma de obter agradecimento.

Hoje parece que há muita gente que lhe está agradecida. Se as pessoas que lhe estão gratas por ele ter existido forem meter a mão no seu próprio bolso, verão que vão lá encontrar… a mão do morto, que ainda lá está, a aquecer. Vejam bem se encontram mais qualquer coisa...