quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Travessias no Médio Tejo





A ponte ferroviária de Constância foi duplicada. O tabuleiro antigo foi adaptado para o trânsito rodoviário, enquanto ao novo tabuleiro cabe agora a passagem da ferrovia. Os pilares foram acrescentados (duplicados) a jusante da estrutura existente e foi acrescentado um novo tabuleiro, de desenho diferente do anterior. O trânsito ferroviário processa-se com normalidade, em via única, que satisfaz as necessidades existentes. O trânsito rodoviário ficou mais condicionado. Inicialmente, era permitido o trânsito a veículos pesados, embora se fizesse com alguma dificuldade, devido à reduzida largura da faixa de rodagem. Posteriormente, o trânsito ficou restrito apenas a veículos ligeiros, por motivo de segurança da estrutura. A circulação processa-se em via única, alternada, com semáforos. Obriga a certo tempo de espera, mas só se nota algum congestionamento momentâneo nas chamadas horas de ponta (início e fim das jornadas laborais).

Sem conhecimento dos detalhes técnicos que fundamentaram o encerramento ao trânsito pesado, parece-nos, enquanto utentes, que a estrutura que foi capaz de suportar comboios também teria capacidade para suportar o peso de alguns camiões. O que parece é que a faixa de rodagem foi ali implementada de forma precária, é de reduzidas dimensões e escassa resistência, mas poderia ser reforçada de modo a suportar novamente o trânsito pesado. Essas deficiências poderão ter tido origem na duplicidade ou até multiplicidade de entidades responsáveis, que na altura não estavam unificadas como estão hoje. Sendo certo que os tempos actuais não estão para despesismos e investimentos avultados em infra-estruturas, não é menos verdade que se justifica plenamente a ligação rodoviária, sem restrições, naquele local.

http://www.mediotejo.net/constancia-ponte-da-praia-vai-reabrir-a-pesados-mas-nunca-antes-de-2017/

As autarquias da Chamusca e da Golegã manifestaram recentemente o desejo de verem construída uma nova ponte para substituir a chamada Ponte da Chamusca. Não fazem por menos: uma nova ponte. Por outro lado, apontam a necessidade de, numa primeira fase, serem instalados semáforos na ponte actual. Neste caso, têm razão. Não se compreende a não existência dos semáforos. A ponte permite facilmente duas filas de trânsito ligeiro, mas o cruzamento de dois camiões em cima do tabuleiro é uma manobra bastante delicada. Os semáforos são uma necessidade imediata e nem se compreende a demora da Infraestruturas de Portugal em os instalar.

http://omirante.pt/sociedade/2016-12-06-Chamusca-e-Golega-reafirmam-necessidade-de-nova-ponte-sobre-o-Tejo

Quanto à "nova ponte", porque não uma duplicação da existente, à semelhança do que foi feito na de Constância? A ponte duplicada podia ficar apenas com uma faixa em cada sentido, o que seria suficiente para o tráfego existente e esperado. O custo de tal transformação deveria ser substancialmente inferior ao de uma nova ponte e resolveria de modo satisfatório os problemas actualmente encontrados.

As travessias do Tejo existentes a montante de Santarém são todas do século XIX, com excepção da ponte mista de Mouriscas, construída para permitir o abastecimento de carvão da Central Termoeléctrica do Pego. Recentemente, a ponte de Abrantes foi objecto de obras de reabilitação. A de Belver está presentemente encerrada, decorrendo obras de beneficiação e reforço. A construção de uma nova travessia, há muito prevista para a zona de Abrantes/Constância chegou a estar projectada, integrando o IC9. (A ligação entre Abrantes e Ponte de Sor foi a única deste itinerário que não chegou a ser iniciada, sendo que as restantes se encontram todas em serviço.) Esta travessia iria permitir uma melhor ligação entre a A23 e a EN-118, esta última a ter visto também suspensa a construção da variante entre Constância-Sul e Gavião (limite dos distritos).

http://www.oribatejo.pt/2016/08/04/abrantes-nova-ponte-sobre-o-tejo-so-depois-de-2020/

A nova ponte de Mouriscas revelou-se um elemento fundamental no eixo rodoviário Torres Novas-Badajoz, especialmente depois da introdução das portagens na A23. O trânsito que seguia até ao Fratel(IP2), desviou-se nessa altura novamente para o Gavião, com um grande número de camiões, especialmente espanhóis. Também aqui se faz sentir a necessidade da variante, que evitaria a travessia das povoações da freguesia de Alvega. Na parte entretanto beneficiada, entre o limite dos distritos até ao Gavião, ficou a fazer-se sentir a falta de uma faixa de lentos (como as existentes na EN2 entre Abrantes e a Sertã), ao tratar-se de um troço em desnível com alguma falta de locais apropriados para as ultrapassagens em caso de trânsito mais denso.

(Esteve disponível na rede o Estudo de Impacto Ambiental da Variante à EN118, mas não se encontra já acessível).