sábado, 27 de setembro de 2014

Antonio Muñoz Molina





Chega sempre uma altura na vida em que qualquer pessoa tem direito ao repouso, usufruindo daquilo que conseguiu alcançar, ou simplesmente porque o corpo, já velho e cansado, pede tréguas.

Mas é difícil para qualquer leitor, que foi criando de um dos seus autores favoritos uma certa imagem, assistir a certas transformações.

No caso de Antonio Muñoz Molina, …
 (ia a fazer aqui umas considerações sobre o "aburguesamento" do escritor, mas, de repente, dei-me conta de que não conheço suficientemente a obra dele para poder ter uma ideia firme da sua evolução).

Mas uma coisa dou por certa: quem escreve as crónicas semanais no "El País", quem recentemente deixou de escrever no seu muito seguido blog a um ritmo tendencialmente diário para passar a deixar aí apenas a ligação para as referidas crónicas semanais, a pretexto de que alguns seguidores/comentadores lhe estavam a estragar o ambiente, já não é o mesmo de "El Viento de la Luna" ou de "El Jinete Polaco".

O miúdo pobre e tímido que cresceu no meio dos olivais sem fim da Andaluzia, deslumbrado com as cidades e o mundo, reformou-se — quiçá merecidamente — depois dessa viagem que o levou de Granada a Nova Iorque, passando por Madrid.
 
As suas crónicas de hoje reflectem, talvez em demasia, o modo como se acomodou a todas as amenidades e prazeres que as cidades e o mundo são capazes de proporcionar a quem dispõe de certo desafogo material.
 
É pena.


Por outro lado, ele diz que precisa de tranquilidade para escrever uma outra novela  —  talvez até algo de maior fôlego, supomos nós. Por isso, temos de aguardar.