sexta-feira, 4 de abril de 2014

Invasoras



O senhor (já falecido há vários anos) que plantou as "ervas-das-pampas" (cortaderia selloana) junto ao ribeiro, plantou também uns choupos dentro da própria linha de água (entretanto já felizmente mandados abater pelo herdeiro e novo proprietário).




Uma foto mais antiga. Cortaderia selloana, ou erva-das-pampas. O exemplar do meio teve de ser completamente eliminado, uma vez que entretanto caiu para o ribeiro, obstruindo-o. A massa de folhas secas (e mesmo das verdes da parte inferior) está constantemente a obstruir a passagem da água. O risco de propagação de incêndio é elevadíssimo. Detrás, existe uma área enorme, coberta de silvas, abrangendo algumas oliveiras e que se estende até junto das casas da povoação.

Ficou o problema dos choupos quase resolvido. Digo quase porque ainda restam os cepos e as raízes a afectar o leito do ribeiro. No que respeita à erva-das-pampas (também ela classificada como espécie invasora), nada foi feito, salvo que, quando há limpezas, são tratadas de forma agressiva. É o mínimo que se pode fazer, já que o proprietário do terreno não procede à limpeza da sua margem, à qual está obrigado. Felizmente, não têm alastrado de forma espontânea e, como a propriedade se encontra em estado de quase abandono, não é feita nenhuma replantação. No entanto, os novos brotos vão crescendo sobre a matéria morta da própria planta, aumentando constantemente o seu volume.


Além destas plantas, foi ainda introduzida na mesma época uma outra, bastante mais perigosa e difícil de eliminar do que as duas referidas. Trata-se da robínia pseudoacácia (robinia pseudoacacia), também ela classificada como invasora.

Sendo uma "falsa acácia" tem, no que toca à sua reprodução e alastramento, o mesmo comportamento das "acácias mimosas" que todos vemos à beira das nossas estradas e não só: rebenta pelas raízes, o que que dizer que, ao longo das raízes expostas ou existentes a pequena profundidade, vão aparecendo sucessivamente inúmeros novos exemplares.


Os ramos mais altos que sobressaem das silvas são os novos exemplares, de maiores dimensões, que cresceram a partir das raízes das árvores cortadas. Em primeiro plano, à esquerda e junto à rede, um rebento um pouco menor. Embora todas tenham abundantes espinhos, as robínias e as silvas parecem dar-se bem, pelo menos nesta fase.

No terreno a que me refiro, é isso que está a acontecer. As robínias foram cortadas na mesma altura dos choupos. Mas, enquanto estes ficaram definitivamente eliminados (o material restante está a apodrecer), as robínias continuaram a alastrar, agora com muito mais força, a partir das raízes. Em vez de um reduzido número de árvores grandes com alguns pequenos rebentos em baixo, vemos agora um número enorme de novos exemplares, muitos deles a tornarem-se em árvores (recorde-se que podem atingir 25m de altura).


Nesta foto, podem ver-se alguns dos cepos das robínias cortadas. Os cepos em si estão a apodrecer, mas as raízes deram origem a um elevado número de novos exemplares. Alguns rebentos foram cortados durante a limpeza do caminho, mas só esses, porque impediam ou dificultavam a passagem. Os restantes continuam a crescer até se tornarem árvores, se nada for feito entretanto.

Crescem para o caminho onde passamos para as hortas. É fácil, ao desviar algum ramo ou rebento que esteja atravessado, sermos picados pelos afiados e robustos espinhos que possuem. A picada é bastante dolorosa e provoca inflamação que persiste ao longo de vários dias.


Esta foto de um pequeno ramo que eu trouxe não faz justiça aos picos (espinhos) existentes nos ramos mais grossos, que são capazes de pôr uma ferida a sangrar bastante. Na imagem seguinte, obtida numa pesquisa, é possível vê-los.