Não se pode passar a
vida toda a repetir evidências, por mais que os outros se estejam sempre a
esquecer delas e queiramos ajudá-los na inglória tarefa de levar o barco a bom
porto, evitando, já não digo naufrágios, mas ao menos aquelas águas revoltas capazes
de provocar enjoo.
Toda a gente sabe
nadar — e nadar é uma coisa que, uma vez aprendida, nunca mais se esquece. A
roda já foi inventada há tanto tempo… e mesmo assim algumas das grandes
criações humanas não precisaram dela.
Como não somos
capazes de dizer aquelas coisas novas que merecem ser ditas, o melhor é
ficarmos em silêncio. É sensato. É prova de sabedoria, dizem.
Só que — há sempre
um "só que", um reparo, um senão — o silêncio é capaz de fazer com
que pareçamos mortos.
Por isso precisamos
de, uma vez por outra, soltar um "eh pá, pera aí qu'eu ainda não
morri…" , nem que seja apenas para ouvir como resposta um "Vá, não
sejas desmancha-prazeres"...