Chega sempre uma
altura na vida em que qualquer pessoa tem direito ao repouso, usufruindo
daquilo que conseguiu alcançar, ou simplesmente porque o corpo, já velho e cansado, pede
tréguas.
Mas é difícil para
qualquer leitor, que foi criando de um dos seus autores favoritos uma certa imagem,
assistir a certas transformações.
No caso de Antonio Muñoz Molina, …
No caso de Antonio Muñoz Molina, …
(ia a fazer aqui umas considerações sobre o "aburguesamento" do escritor, mas, de repente, dei-me conta de que não conheço suficientemente a obra dele para poder ter uma ideia firme da sua
evolução).
Mas uma coisa dou por certa: quem escreve as crónicas semanais no "El País", quem recentemente deixou de escrever no seu muito seguido blog a um ritmo tendencialmente diário para passar a deixar aí apenas a ligação para as referidas crónicas semanais, a pretexto de que alguns seguidores/comentadores lhe estavam a estragar o ambiente, já não é o mesmo de "El Viento de la Luna" ou de "El Jinete Polaco".
Mas uma coisa dou por certa: quem escreve as crónicas semanais no "El País", quem recentemente deixou de escrever no seu muito seguido blog a um ritmo tendencialmente diário para passar a deixar aí apenas a ligação para as referidas crónicas semanais, a pretexto de que alguns seguidores/comentadores lhe estavam a estragar o ambiente, já não é o mesmo de "El Viento de la Luna" ou de "El Jinete Polaco".
O miúdo pobre e
tímido que cresceu no meio dos olivais sem fim da Andaluzia, deslumbrado com as cidades e o
mundo, reformou-se — quiçá merecidamente — depois dessa viagem que o levou de
Granada a Nova Iorque, passando por Madrid.
As suas crónicas de
hoje reflectem, talvez em demasia, o modo como se acomodou a todas as
amenidades e prazeres que as cidades e o mundo são capazes de proporcionar a
quem dispõe de certo desafogo material.
É pena.
Por outro lado, ele
diz que precisa de tranquilidade para escrever uma outra novela —
talvez até algo de maior fôlego, supomos nós. Por isso, temos de
aguardar.