Procurei informação sobre as opções dos utentes do Serviço Nacional de Saúde quanto à
escolha para os locais de internamento e tratamento, atendendo fundamentalmente
a razões geográficas (distância,
dificuldade ou impossibilidade de suportar os custos com transportes para
consultas e, adicionalmente, para visitas de familiares aos utentes internados), tendo como referência o concelho de Gavião, cujos residentes, até muito
recentemente, eram encaminhados pelo serviço local de saúde para o Hospital de Abrantes e passaram a ser enviados
sistematicamente para o Hospital de Portalegre,
sediado na capital de distrito a que pertence o referido concelho de Gavião (a
cidade de Abrantes situa-se no distrito vizinho de Santarém).
A distância entre o Centro de Saúde de Gavião e o Hospital de Abrantes, via A-23, é de 30,6km. Para o Hospital de Portalegre, são 56km, quase o dobro da distância.
Para Abrantes, existem transportes regulares de autocarro (e também de comboio: Belver, linha da Beira-Baixa). Em contrapartida não existem para Portalegre (é algo caricato não existirem transportes colectivos regulares entre uma sede de concelho e a sua capital de distrito...). A não existência de transportes colectivos obriga ao recurso ao táxi, com custos acrescidos que a maioria da população não tem condições para suportar.
Usando, em qualquer dos casos, transportes de aluguer, as diferenças de custo também são consideráveis, em razão das diferentes distâncias. Apesar de a maioria da população, especialmente idosa, não possuir carro próprio, mesmo aqueles que o possuem vêem os custos das deslocações substancialmente aumentados.
Os indicadores
socioeconómicos para este concelho são esclarecedores das dificuldades que essa
alteração acarretou para a população.
Fonte: J.Negócios
Os indicadores
demográficos ajudam a explicar:
Fonte: I.N.E.
A alteração
efectuada parece ter como fundamento uma suposta, duvidosa e discutível melhoria de eficiência
administrativa, que não teve em conta as pessoas por ela afectadas,
reduzindo-as à condição de meros números numa estatística, sem atender às suas
necessidades concretas e específicas e agravando as suas já precárias condições de vida.
E, se quisermos ver a coisa de outro ângulo — mesmo sem percebermos nada de Economia —, facilmente chegamos à conclusão de que, globalmente, esta mudança obriga a maiores gastos, já que o Estado pouco ou nada poupa e as pessoas ficam obrigadas a maiores gastos, sem que isso lhes traga (antes pelo contrário) uma melhor qualidade de vida.
Os responsáveis autárquicos já por mais de uma vez tomaram posição e fizeram-na chegar a quem tem — ou deveria ter — o poder e a vontade para corrigir o que está mal feito, mas, como de costume, os gabinetes ministeriais devem estar atafulhados de assuntos mais urgentes para resolver. Assuntos como este vão para a tal gaveta dos assuntos que... o tempo há-de resolver.
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P.S.(1):
Procurando informação sobre as opções do utente do Serviço Nacional de Saúde quanto à escolha dos locais de internamento e tratamento, encontrei estas páginas de que reproduzo excertos.
Data de publicação:
30.01.2008
Será que a página não sofreu actualização desde essa data?
Nesse caso, deve presumir-se que, por estar online, a informação nela contida é
válida?
Ao seguir o link
para Carta dos Direitos e Deveres do Utente, acede-se a uma página da
Direcção-Geral de Saúde onde se informa que o conteúdo procurado não está
disponível.
"Viva, a informação que está a tentar aceder está
indisponível."
O "cuidado" posto na redacção da mensagem
é o espelho da consideração que o utente — a quem se dirige — merece?
O documento está indisponível
porquê?
Desde quando está e até quando se prevê que esteja indisponível?
Onde é possível procurar fontes alternativas para a mesma informação?
Consultando o Mapa
do Site, não se encontra nenhuma indicação óbvia para a existência dessa
informação. O que é óbvio é que ela não está disponível...
P.S.(2):
Isto de viver na periferia das periferias tem que se lhe diga...