Teatro Rosa Damasceno, em Santarém.
(Consultar o historial das últimas duas décadas).
(A propósito da recente derrocada da encosta).
Os
tribunais acabaram por decidir inviabilizando outros usos para o edifício, que
não o original, pretendidos pelo actual proprietário, embora legitimassem a
propriedade.
Veio o
incêndio, inviabilizar — ou, no mínimo, tornar ainda mais difícil — a sua
recuperação para o uso original.
Em
relação ao incêndio (não esquecer que também há fogos acidentais…), até se
poderia formular a pergunta "quem lucra", mas aparentemente a
resposta é "ninguém". Claro que também podia ser um caso de
"depois de mim, o dilúvio", ou de "se eu não posso comer,
ninguém mais come", ou então outra maldade qualquer feita de verdade ou aparência, que há gente para tudo.
E por falar em dilúvio, até vinha a calhar, melhor na própria madrugada do incêndio, caso em que
ele não teria ocorrido, fosse por ser interrompido, fosse por nem sequer ter
deflagrado, por não poder, ou por não valer a pena. E um dilúvio
desproporcional (haverá dilúvios moderados?), por outro lado, poderia ter antecipado a derrocada da encosta
que agora aconteceu nas traseiras do edifício, a qual, se continuar, acabará por
deitá-lo ao chão. A Natureza e a incúria poderão vir, com o tempo, a selar a decisão dos juízes e a consumar a
tarefa do lume, decisão e tarefa que — nem de outro modo poderia ser
— não levaram a cabo em comum nem com idênticas intenções.
Ou seja:
tudo o que ali for feito daqui em diante (excluindo meras obras de conservação
do estado actual) vai ser ou bastante dispendioso ou ilegal. Ou seja ainda:
nada será feito. Razão pela qual apenas acabará por se salvar apenas a fachada — em qualquer sentido do termo — que dá
para a rua, como é habitual nas fachadas e que fica no lado contrário ao da derrocada.
As
memórias preservam-se até que o esquecimento as apague — como poderia ter dito
La Palice.